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Rio carioca
Autor:
Tamires Baraúna da Silva
Orientador(es):
Paulo Jardim de Moraes e Wagner Rufino
Instituição:
UFRJ
O projeto, do ponto de vista formal, é extremamente simples: um canal retilíneo paralelo à rua, no qual um pequeno trecho do Rio Carioca volta à vista do morador da cidade; as áreas livres adjacentes – a rua propriamente dita, na margem esquerda do rio, e a calçada, mais larga e de formato irregular, à direita – sofrem discretas intervenções, assim como as áreas adjacentes às extremidades do canal.
A sedução do projeto resulta exatamente da delicadeza do gesto projetual. Afastando-se de formalismos exacerbados, utilizaram-se elementos do repertório vernacular, amplamente aceitos pelo cidadão comum, por serem elementos que fazem parte de sua cultura urbana.
O rio, resignificado e exposto com todas as suas mazelas (e possíveis belezas), denuncia o descaso pelo meio ambiente natural e provoca à reflexão – talvez, uma ação didática. Não é demais lembrar que este acidente geográfico deu o gentílico para os nascidos no Rio de Janeiro e, que o Carioca foi a mais importante fonte de água potável da cidade enquanto seu núcleo se restringia às proximidades do porto, junto à atual Praça XV. Há pouco mais de 100 anos, sua presença foi eliminada da paisagem, quando a cidade se expandia no vetor sul, exigindo largura para ruas e avenidas.
O método do trabalho foi determinante para o resultado formal final. Leituras, inicialmente intuitivas e sensíveis, foram gradativamente sistematizadas em mapas mais, digamos, técnicos, sem dispensar interpretações subjetivas das ambiências e dos eventos sociais, mesmo cotidianos, que ali se desenrolam. Aos poucos e, metodicamente, a sensibilidade ganhou objetividade.
Em momento algum do desenrolar do processo a poesia esteve ausente, tanto no entendimento das pré-existências como nos momentos de proposição. A proposta nasceu, assim, simultaneamente ao entendimento da situação-problema. Ou seja: a leitura e a escrita (que classicamente se sucedem, mas aqui, não) quase se confundem na construção de uma nova poesia que tem como tema a (re)conciliação da cidade com seu sítio.
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